segunda-feira, 9 de março de 2009

C&A - "Cheila Estará Atendendo"

Domingo, tédio, estava sozinha em casa quando minha tia apareceu me convidando pra almoçar no shopping. Aí eu pensei: eu, uma pessoa anti-social como sou, ir ao shopping lotado nesse calor procurar por uma mesa naquela praça de alimentação e ainda gastar meu suado dinheiro com aquelas porcarias engordativas e caras?

Mas sim, não tava fazendo nada, fui.

Não sou do tipo de mulher consumista, não planejo ir às compras tipos "vou sair e comprar tal coisa", mas é passar na porta de uma loja e... pronto, vejo, entro e compro sem nenhuma resistência.
Então, passando pela porta da C&A, me encantei com um vestido, com outro, e logo plin-plin, estava eu comprando. O problema é que lá eles não dividem muito no cartão de crédito justamente pra te obrigar a ter o cartão da loja e a atendente começou a insistir tanto pra eu fazer o cartão, falando das milhares de vantagens, 5X sem juros, alegando que ia demorar apenas 10 minutos que decidi fazer.
Chego no cadastro, sento para aguardar ser atendida quando uma moça loira de aproximadamente 20 anos se aproxima e diz:

- A senhora poderia me acompanhar?
- (senhora? oi?) Sim.
- Pode estar sentando, que eu vou estar fazendo seu cartãozinho.
- (e você? pode estar parando de falar no gerúndio e no diminutivo? Porque logo, logo vou estar quebrando sua carinha) Okey.
- Você tem RG, CPF, um comprovante de renda ou um cartão de crédito?
- (não, não tenho, sou indigente) Sim, aqui está!
- Como é o seu nominho?
- (é esse que tá escrito aí no RG, CPF e no cartão de crédito que te entreguei, mula) Ana Laura Rodrigues.
- Em que dia você nasceu?
- (no dia em que sua mãe te tirou do mobral) 04/01/87.
- Hum, você é novinha einh? Tem cara mesmo.
- (?) Ah, obrigada.
- Naturalidade?
- (leia o RG, mula) Francana.
- Ah, aqui de Franca mesmo?
- Sim.
- Nacionalidade? É brasileira?
- (NÃO, NASCI EM FRANCA MAS NA ÉPOCA A CIDADE ESTAVA PASSEANDO PELA EUROPA) ... Quê?
- Ah, sim, brasileira né? Claro. (risos)
- Pode me dar seu endereço?
- Rua Voluntário Otávio...
- Otávio com "h" ou sem "h"?
- Oi? (gente, essa ANTA tá me zoando, só pode)
- SEM "h"?
- SIM, sem.
- Quer fazer o seguro e o convênio farmá...
- Não, eu NÃO QUERO.
- Mas tem várias vantag..
- Não, muito obrigada, quero SÓ O CARTÃO e estou com pressa.
- Ah, sim, tudo bem, um momento, só estar aguardando que estarei providenciando...

(...)

Nisso eu já estava possessa, não conseguia nem rir da burrice dela, sério, porque se tem um adjetivo que me qualifica é a intolerância, me irrito até com o rítmo da fala alheia, imagina com um energúmeno surreal gerundiando e ultrapassando todos os limites da minha capacidade de fingir paciência... Eu queria mesmo era dar um ataque de Amy Winehouse e quebrar o balcão da loja. E enquanto eu tremia de raiva, ela, sem saber do risco que corria, acenava e sorria pra todas as pessoas que passavam, opinava sobre a conversa dos atententes ao lado e arrumava vagarosamente a documentação pra fazer meu cartão.
Acredito que demorou uma meia hora. Tempo esse que eu entrei em transe profundo pensando no que se passava dentro da cabeça de uma criatura daquelas. Por fim, pensei: ela merece um post no blog, preciso saber o nome dessa criatura. Então, quando ela voltou ao posto de atendimento e eu olhei pro crachá que ela tinha preso à blusa e consegui entender tudo:

CHeila.

segunda-feira, 2 de março de 2009

"Marco se ne è andato e non ritorna più"

Entender essa vida é meu desafio mor. E deveria ser o seu também... Porque você pode até achar que é dono do seu próprio nariz, que decide tudo e tals mas é porraninhuma, baby. E é tão revoltante pensar em como as coisas acontecem de uma forma totalmente desconexa e sem lógica na minha vida. Só na minha?

De repente o ex-funcionário simpático do xerox da faculdade, que também dança com a sua prima e é amigo dos seus amigos aparece na sua casa, na sua festa de desaniversário, bebe, dança, senta com você na sargeta, escuta seus dramas, te conta os dramas dele, te convida pra ir pro inferno na parte suja da Augusta, apropria-se das suas psicoses, compartilha com você as dele, desperta em você os sentimentos mais ternos do universo, toma um espaço no seu cotidiano, na sua vida e em pouco mais de um mês te obrigam a despedir-se dele sabendo que isso é definitivo.

Rio de Janeiro é mesmo um lugar muito bonito. Sempre quis ter amigos lá. Poder visitá-los, hospedar-me for free, essas coisas, mas... tinha mesmo que ser ele? Tinha que ser no domingo? Tinha que anteceder essa segunda-feira infernal? Nem sei se gosto mais dessa cidade.

Mas eu acho mesmo que esse lugar ainda é pequeno demais pra ele. Inglaterra? Talvez...

Então, como prometido, te dedico:

Marcolino, você tem o par de olhos mais meigos, verdes e brilhantes do mundo inteiro, o sorriso mais fácil e as tiradas mais espontâneas, pertinentes e rápidas que eu já vi. E isso tudo casa tão bem com o humor blasé, sagaz e pré-idealizado daquele nosso amado amigo índie... Estar com vocês pra mim é mágico.
E eu precisava de mais tempo, de mais risadas, de mais noites no Fish, de mais canelinhas no balção do Sr Zé, de mais chá verde, de mais bolos de chocolate branco, de mais festas dançantes, de mais fotos temáticas, de mais tardes e noites pirando ON FIRE no msn, de mais surtos psicóticos, de mais abraços sinceros, de mais promessas de prosperarmos juntos, de morarmos os três em um triplex à beira da lagoa Rodrigo de Freitas onde o saudoso João Gostoso do Bandeira se atirou e morreu afogado... Queria mesmo é estar aí, comendo melancia e correndo na orla com você.


Posso até ir (e irei) te visitar, mas meu desconsolo é saber que você não vai voltar. É mesmo um adeus e não um "até logo". Mas isso é egoísmo meu. O justo é que você vá... pra onde possa brilhar mais e melhor.

Conquiste essa cidade que é wonderful like you.

Aqui fica a saudade e a certeza de que durou o suficiente para que esse espaço seja pra sempre seu.

Te amo!