domingo, 2 de setembro de 2012

What do you say?

Não me lembro bem se foi Shakespeare que disse que a vida era a arte do encontro, embora houvesse tantos desencontros nela. Concordo, e sendo a boa paranoica que sou, penso sempre que é conspiração.
É ingrato da parte do universo te colocar em certas situações que você jamais ostentou, te fazer mudar completamente por desejos que nunca imaginou que pudessem ser despertados, te fazer esperar um bom tempo para conseguir se situar, entender a grande desordem que tudo provocou dentro de você e depois, simplesmente, te cobrar atitudes com urgência. Não é questão de deixar o bonde passar, de ficar inerte esperando as coisas caírem do céu, mas simplesmente de sentir que eu também mereço desfrutar da tranquilidade do acaso, das coisas que se encaixam naturalmente, sem requerer grandes esforços. Quando é que Maomé vai se deslocar até mim?
Estou disposta a tudo, taking chances, jumping off the edge, sem saber se existe chão pra pisar, mão pra segurar, um inferno pra enfrentar, só não me conformo que, de novo, sou EU que estou disposta. Eu é que tenho que dar o primeiro passo, eu é que tenho que expor a cara ao tapa. E já foram tantos...
Quebrar a cara depois, caso não dê certo, não me preocupa. Esse risco é natural. O que me tira o sono é pensar que talvez isso que não está acontecendo fosse trazer tantas coisas boas... E eu preciso tanto dessa bondade das coisas na minha vida!
Seria tão simples, uma resposta direta, um "sim" deixado despropositadamente em algum lugar, uma afirmativa jogada sem contexto em algum canto das nossas tantas conversas... Era só disso que eu precisava pra ter coragem de vomitar as flores que já nasceram dentro de mim, pra mostrar o quanto eu posso me doar, o quanto eu me guardei pra quem eu achava que merecia. Mas trauma é uma coisa que paralisa e te faz pensar que é melhor idealizar um sentimento não vivido do que botar tudo a perder. De novo.
É o medo. Medo do mais puro e cruel. Medo de quem já apanhou tanto que, só de sentir o cheiro do perigo, se esconde debaixo da cama, chora e treme.