Mas sim, não tava fazendo nada, fui.
Não sou do tipo de mulher consumista, não planejo ir às compras tipos "vou sair e comprar tal coisa", mas é passar na porta de uma loja e... pronto, vejo, entro e compro sem nenhuma resistência.
Então, passando pela porta da C&A, me encantei com um vestido, com outro, e logo plin-plin, estava eu comprando. O problema é que lá eles não dividem muito no cartão de crédito justamente pra te obrigar a ter o cartão da loja e a atendente começou a insistir tanto pra eu fazer o cartão, falando das milhares de vantagens, 5X sem juros, alegando que ia demorar apenas 10 minutos que decidi fazer.
Chego no cadastro, sento para aguardar ser atendida quando uma moça loira de aproximadamente 20 anos se aproxima e diz:
- A senhora poderia me acompanhar?
- (senhora? oi?) Sim.
- Pode estar sentando, que eu vou estar fazendo seu cartãozinho.
- (e você? pode estar parando de falar no gerúndio e no diminutivo? Porque logo, logo vou estar quebrando sua carinha) Okey.
- Você tem RG, CPF, um comprovante de renda ou um cartão de crédito?
- (não, não tenho, sou indigente) Sim, aqui está!
- Como é o seu nominho?
- (é esse que tá escrito aí no RG, CPF e no cartão de crédito que te entreguei, mula) Ana Laura Rodrigues.
- Em que dia você nasceu?
- (no dia em que sua mãe te tirou do mobral) 04/01/87.
- Hum, você é novinha einh? Tem cara mesmo.
- (?) Ah, obrigada.
- Naturalidade?
- (leia o RG, mula) Francana.
- Ah, aqui de Franca mesmo?
- Sim.
- Nacionalidade? É brasileira?
- (NÃO, NASCI EM FRANCA MAS NA ÉPOCA A CIDADE ESTAVA PASSEANDO PELA EUROPA) ... Quê?
- Ah, sim, brasileira né? Claro. (risos)
- Pode me dar seu endereço?
- Rua Voluntário Otávio...
- Otávio com "h" ou sem "h"?
- Oi? (gente, essa ANTA tá me zoando, só pode)
- SEM "h"?
- SIM, sem.
- Quer fazer o seguro e o convênio farmá...
- Não, eu NÃO QUERO.
- Mas tem várias vantag..
- Não, muito obrigada, quero SÓ O CARTÃO e estou com pressa.
- Ah, sim, tudo bem, um momento, só estar aguardando que estarei providenciando...
(...)
Nisso eu já estava possessa, não conseguia nem rir da burrice dela, sério, porque se tem um adjetivo que me qualifica é a intolerância, me irrito até com o rítmo da fala alheia, imagina com um energúmeno surreal gerundiando e ultrapassando todos os limites da minha capacidade de fingir paciência... Eu queria mesmo era dar um ataque de Amy Winehouse e quebrar o balcão da loja. E enquanto eu tremia de raiva, ela, sem saber do risco que corria, acenava e sorria pra todas as pessoas que passavam, opinava sobre a conversa dos atententes ao lado e arrumava vagarosamente a documentação pra fazer meu cartão.
Acredito que demorou uma meia hora. Tempo esse que eu entrei em transe profundo pensando no que se passava dentro da cabeça de uma criatura daquelas. Por fim, pensei: ela merece um post no blog, preciso saber o nome dessa criatura. Então, quando ela voltou ao posto de atendimento e eu olhei pro crachá que ela tinha preso à blusa e consegui entender tudo:
CHeila.