quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Hiperatividade mental.

Hoje eu tô sentindo NECESSIDADE de escrever, apesar de estar um pouco desmotivada de fazê-lo aqui no blog. Isso sempre acontece quando percebo que não vou dizer nada que faça algum sentido para alguém além de mim. Só. Apesar de que eu, veja bem, eu NUNCA escrevo nada em vão. Sempre jogo palavras soltas, não tão explícitas, mas que de alguma forma resumem o que realmente quero dizer.
Engraçado porque essa coisa do hermetismo me é peculiar desde a infância. Me lembro de que quando eu tinha uns cinco anos eu fiz um desenho. Quando se tem cinco anos é muito legal desenhar. E eu me lembro perfeitamente do desenho naquele caderno quadriculado da pré-escola encapado com papel azul e plastificado também. Pausa para recordação: me lembro que naquele mesmo caderno, a tia Carminha, minha primeira professora, escreveu uma dedicatória pra mim antes de abandonar minha sala por estar doente. A tia Carminha usava calças de cotton e camisetas compridas que ela prendia só de um lado no cós das calças. Um horror, Jesus! E eu achava aquilo bonito, elegante e queria copiar. Tia Carminha foi a primeira pessoa de quem senti falta e por quem chorei na vida, e ela escreveu:

"Querida Ana Laura, espero que você continue sempre sendo essa garota esperta, atenta e inteligente que gosta de ouvir e de contar histórias. Com carinho, tia Carmem".

Óunnn... Tia Carminha, te dedico!

Voltando ao desenho. Então eu desenhei uma cabine de vidro alta e com duas escadas bi-laterais de acesso. Ela era cheia de detalhes e, por alguns instantes, me remeteu a um dragão. Dentro dela estava minha família toda: mamãe, papai e irmãozinho (que era um recém-nascido). Intitulei o desenho de "robô-dragão feminino de observação". E eu não faço a menor idéia do que eu queria dizer com isso. Mas naquela época fazia o maior sentido pra mim. Como essas palavras fazem hoje. E depois eu aprendi a fazer sentido usando as palavras, ao invés dos desenhos, e dizer coisas bobas propositalmente para te atingir, paixão. Mas se veio só pra tentar me decifrar recomendo que você pare por aqui.

Acontece que é muito anormal essa minha mania de despejar meus monólogos interiores em qualquer lugar em branco. Lugares brancos e passíveis de serem escritos sempre me pareceram um convite. E também penso que fluxos de consciência deveriam ficar dentro da... da... consciência? Mas é tão bonito... tão bonitinho. Eu só escrevo desse jeito torpe e aparentemente embaraçado quando fico altruísta e hipersensível (apesar de hoje estar com o saco cheio de tudo e sem nenhuma vontade de chorar). Mas ontem eu tava assim e hoje, quando cheguei no trabalho, encontrei uns escritos na minha mesa. Se não fosse pela letra eu poderia ju-rar que não fui eu. Mas pela grafia, que nem é cali, e é inconstante e meio desengonçada, eu sabia que fui eu mesma. Sim, fui eu! Transcrevo então um trecho?


Sinto como se o mundo inteiro fosse uma lenta camada de... de... magma vulcânico, sabe? Não? Então, é assim: sinto como se eu tivesse aqui, dentro desse cômodo branco e estático e é como se tudo ao meu redor fosse uma espessa camada quente e vermelha de magma escorrendo e vindo lentamente na minha direção. E eu não quero correr. Quero me queimar, pra valer, porque queimar é sensação, baby, e o contrário é ócio, é tédio, e fogo? Além de quente é tão bonito, atraente, sexy... ui!


(?)


Avisei pra não continuar lendo. Agora taí: decífra-me ou te devoro!

Beijinhos enigmáticos.

5 comentários:

Unknown disse...

Lauren, por ventura seria alguma influência do quarto branco do "Big Brother" ? kkkkkkkk...(tá amiga, tenho assistido - o que demonstra o enorme tédio que me encontro).

Acho que se começasse a ler "Clarice" agora, até acharia legal kkkk...depressão, amiga!

Beijos...Ah! lí só alguns post...mas vou colocar a leitura em dia, ok?

té.

Biel, o Bardo disse...

Ai amiga... as folhas brancas são nossa salvação e ruína!
Você está é com espírito rebelde (ou estava quando escreveu... rs). Essa história de quarto branco e magma vindo na sua direção e você não querendo ir contra isso, mas experimentar, deixar fazer parte, envolver-se só mostra como quer um desafio, ou melhor, quer é uma antítese! hehehe...
E o que é o amor e a paixão se não uma grande e bem articulada antítese?
continuemos com os mistérios!!!

ps - nunca fui bom com desenhos! Nunca! Palavras sim.

Anônimo disse...

intenso esse final ein adorei o post

Nathália E. disse...

HAHAHAHAHAHAHA
"Beijinhos enigmáticos"

Dani Lispector disse...

"Irei até onde o ar termina, irei até onde a grande ventania se solta uivando, irei até onde o vácuo faz uma curva, irei onde meu fôlego me levar."

Clarice Lispector in A Hora da Estrela