segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Esfinge: D. ou D-te.

Por mais incrível que pareça ela não sabe o que fazer. Incrível mesmo porque ela é daquelas pessoas que sempre tem uma idéia a cada cinco segundos. Um dos sentimentos que mais a apavoram na vida é o cansaço e, absolutamente, ela está cansada. Talvez agora fosse a hora de não fazer nada. Mas é isso que vem fazendo já há alguns dias e, mesmo assim, a inércia a perturba. Precisa se livrar desse sentimento enorme que a aperta até quase sufocar, porque ela sabe que é tudo iventado. É mera invenção dela. Ela inventa a realidade problemática da própria existência perturbada. É como se abafasse a realidade natural com os próprios devaneios. Ela escolheu sofrer por isso. E mente.
Sempre diz que gosta de coisas de que não gosta nada. Mas acredita gostar.
Sabe do que ela gosta mesmo? de estourar bolhas. Isso é verdade, não foi ela que inventou.
Às vezes ela precisa mesmo deixar de lado o nexo, nem que seja pra desabafar. A própria vida não tem nexo!
E esse tom grave não é meu tom de escrita, mas é o tom de vida dela. Não tenho que parecer sempre uma perturbada-hiperativa-super-engraçada como ela parece ao escrever. E não tenho que usar sempre sinais gráficos pra me expressar. Ela não está se sentindo bem.
No meio de tantos pensamentos banais, ao invés de pensar na vida, na realidade empírica, nas coisas que realmente acontecem, ela fica pensando nos olhos e nas atitudes das pessoas. Ou de uma pessoa - ela não quer ver você nunca mais até que possa te dizer que você foi a causa principal dos seus novos problemas desde quando ela se lembra de ter novos problemas. (sic)
Por que custa tanto escrever quando a verdade é desconhecida?
Eu conheço tantas verdades...
O medo agora é que através das palavras você desvende meu mistério de vida ou descubra que não há mistério algum? Protesto! Sempre há mistérios. O problema é fazer com que você viva sempre motivado a desvendar o que nem sempre é tão interessante.
E por que dar tantas voltas quando se sabe exatamente onde almeja chegar? Eu quero desvendar um mistério, e não desvendo a você que me lê, desvendo a mim mesma que não suporto mais não saber de tudo. (sic) E por desvendar somente a mim é que cubro o texto com as linhas e a verdade fica só nas entrelinhas. E esse jogo de narrador-personagem-interlocutor é apenas uma forma de te confundir e dizer que não sei/não entendo quem realmente sou ou onde quero chegar. Quando sabe-se demais de si precisa-se falar dos outros, ou pelo menos fingir que se é outra pessoa. Então eu sou ela. Ela que diz a você o que eu nunca conseguiria dizer. (sic)
E a verdade é uma só: não existia nenhum modo de ser diferente.
Ela, que sempre admirou tudo o que não entende, tudo que não tem coragem de fazer...
Ah, o que dizer daquele ser? Olhou para ele pela primeira vez e sabia que havia sintonia, é verdade que o modo de sintonia existente era desconhecido, mas ela sabia. Tanto que não se permitia olhar dentro daqueles olhos por muito tempo porque aquele olhar era explícito demais, e ela tinha medo de que eles revelassem aquilo que ela queria que fosse mentira. Desde sempre, mesmo inconsciente, aquilo a desconsertava. Ela não podia ver dentro daqueles olhos, não podia enxergar o mistério que havia por detrás deles (e que posteriormente descobriria), mas ela sempre soube que aqueles eram olhos de quem guardava em si uma verdade secreta. É verdade que não se tratava apenas de uma verdade.. eram várias... verdades que ela não deveria saber, mas queria.
E como não se aproximar de quem é do tamanho do seu ideal? (sic)
Quando ela morrer pra isso entenderá que a verdade nunca passou de um devaneio de sua cabeça. A verdade vai virar mentira em um incrível dia, e ela vai se lembrar de tudo rindo desesperadamente. Porque viveu e morreu por algo totalmente inexistente.


Narrador diz: Esse texto são recortes de outros textos, com diferentes (ou mesmos) assuntos transportados pra 3ª pessoa e (intencionalmente) fundidos para confundir e fazer juz ao título.
Ela diz: Quem me chamar de louca será banido deste blog.